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Apaixonado, brasileiro, headbanger, palmeirense, paulistano, licenciado em História, especialiZando em Tradução...as postagens falam mais que isso, e quem quer me conhecer, troca idéia comigo...

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Conto: A Joia

Publico agora, um de meus contos. Resolvi colocar aqui no blog apenas a primeira parte, para dar um "gostinho". O conto A Joia pode ser lido na íntegra no arquivo que disponibilizei a leitura no Google Drive e o link está no final deste trecho. Espero que gostem!

   Era impressionante. Mesmo nos detalhes mais simples, ela exacerbava desejo. Uma folha de alface. Um pedaço de alface, na verdade, juntamente com meio tomate-cereja sendo absorvidos por seus lábios avermelhados. Somente agora, ao fitar ela comer delicadamente os componentes de sua salada, ele reparou que ela usava o mesmo batom no dia em que a convidara para jantar. Daquele tom vermelho, levemente rosado. Doce. Lembrava-lhe uma suculenta cereja. E ele desejara morder sua carne e sentir o gosto de seu suco desde aquele primeiro olhar. Recordar o primeiro encontro com ela, fez-lhe lembrar de um dos detalhes dessa noite.
   "Tenho algo a lhe dar", disse ele um pouco trêmulo. "É mesmo, querido?", respondeu ela com aquela voz aveludada. Ele lentamente retirou o embrulho do bolso interno de seu paletó e a entregou o presente com um leve sorriso de ansiedade pelo agrado àquela bela mulher.
   Ela pegou o pacote com seus finos e longos dedos, e lentamente desfez o embrulho esverdeado, revelando uma caixa aveludada de cor negra. A caixa tinha cerca de quinze centímetros de altura e dez de largura. Ela o fitou por um momento por cima do presente, com meio sorriso no rosto e um olhar de quem espera nada menos do que algo daquele tipo. Voltou seus olhos ao estojo e o abriu delicadamente. Observou o conteúdo por um segundo, arregalou os olhos e disse “Uau! É realmente... nossa... estou sem palavras... você lembrou, não acredito!” Ele prontamente se levantou e ficou em pé ao lado dela, retirou do estojo e completou toda a ação do presente naquela noite até então. Parecia que eram feitos um para o outro, o encaixe era perfeito, nada parecia mais belo no universo, se não fosse aquela mesa, aquela mulher ali sentada, aquele conjunto cintilante. Ela o puxou para perto, deu-lhe um beijo leve no rosto e sussurrou ao seu ouvido “Obrigado, lindo. É maravilhoso. Tanto o seu gesto, quanto o presente”.
   Dentro da caixa havia uma joia. E não era uma caixa, e sim um belo estojo aveludado, resistente e ao mesmo tempo delicado. Mas a beleza do pacote, nada se comparava ao que ele carregava. Dentro, havia um belíssimo colar de fios de ouro branco entrelaçados, que formavam um cordão relativamente grosso e bem trabalhado, com belos e finos detalhes que, graças à sua forma trançada, brilhavam de diferentes maneiras à luz. Porém o cordão servia a um propósito maior que apenas cintilar no fino pescoço dela. Ele segurava um pingente. Pingente soa um tanto pequeno, comparado ao tamanho da joia. Era um coração de ônix, totalmente negro, que parecia ao mesmo tempo absorver toda a luz ao seu redor e refleti-la de todas as formas. Era hipnotizante, estonteante, e passava uma ideia de profundidade imensa só de olhar para ele. Essa ideia de profundidade só aumentava graças ao grande número de esmeraldas que o cercavam, dando a forma ao coração, cravejadas no ouro branco que sustentava toda essa belíssima lapidação unida.
   Pelo menos é o que o jovem empresário sentiu ao observá-la provando-o na loja no dia que se conheceram. Ela conversava com a vendedora como se fossem velhas amigas, rindo, fazendo brincadeiras enquanto ela provava inúmeras e diferentes peças da joalheria. Ele, que procurava um simples anel de ouro para um amigo, acabou por ficar mais de uma hora na loja, apenas para observá-la ao longe. Com os diversos movimentos, trocas de joias, anéis, colares, tiaras, relógios, gargantilhas, entre outros, ele observava as leves ondas de seus cabelos, que não eram enrolados, porém não eram de um liso batido, algo reto, sem vida. Seus cachos dançavam uma valsa sem par, num tempo lento, sem muita exaltação, porém de uma maneira que era inevitável observar. Nesse período curto que ficou olhando para as costas e cabelos dela, o vendedor teve de chamar sua atenção, pois estava lhe falando das vantagens de adquirir aquele específico anel caríssimo, de ouro português, sobre o anel de ouro 833 que ele se interessara antes de imaginar seus dedos correndo pelos cachos daquela mulher do outro lado da loja, e o rapaz não ouvira uma só palavra.
   Após retomar os sentidos...(continua no arquivo)

Um comentário:

  1. Show, envolvente e rico em detalhes e me refiro a todo o conto! Sua narrativa detalhada e que consegue transmitir detalhes, imagens perfeitas, me lembra um autor chamado Joe Hill, que se você não conhece, tenho impressão que gostará do estilo quando conhecer! Ele já foi comparado a Stephen King inclusive! Parabéns!

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